6.5.11

Os Mistérios Egípcios


Introdução
Eis aqui o ensolarado país de Kem, como o VM Samael o denomina, o país das pirâmides e da esfinge com sua atmosfera de mistério e sobrenatural. Quantas cenas sublimes e dantescas não se desenrolaram nos pátios e salas secretas dos templos sagrados!
Lendo as frases inseridas num livreto e imaginando os cenários descritos pelo Mestre Samael Aun Weor, dá vontade de nos atirar de joelhos ao chão e exclamar reverentes como o fizeram milhares, outrora:
“Ó Rá! Digna-te santificar meu espírito.
Ó Osiris! Devolve à minha alma sua natureza divina!
Glória a ti, ó Senhor dos Deuses!”
Realmente, os mistérios egípcios são profundos e terríveis. Meditemos neles.

Os mistérios egípcios II

Salve, ó bendita Deusa Atenea-Neith! Quão grandes são tuas obras e maravilhas! Bem sabem os Deuses e os sábios que tu és a divina Clítone da submersa Atlântida. Está escrito com caracteres de fogo no grande livro da vida que tu, ó Deusa, soubeste selecionar inteligentemente o melhor da semente de Vulcano para fundar a augusta cidade de Atenas. Ó Neith! Estabeleceste a Saís no delta do Nilo. O país ensolarado de Kem inclina-se reverente diante de ti. Salve… Salve… Salve…
Ainda ressoam, no fundo dos séculos, aquelas frases do sacerdote de Saís: “Ó Sólon, Sólon, vós gregos não sois senão meninos! Não há na Grécia um único ancião! Vós sois todos jovens de alma, porquanto não entesourais qualquer opinião verdadeiramente antiga e vinda de arcaica tradição. Não possuis nenhum conhecimento branqueado pelo tempo. Eis aqui por quê: Ao longo dos séculos as destruições de homens e povos inteiros se sucederam em grande número.
As menores por mil causas diversas e as maiores pelo fogo e pela água.’Assim, há entre vós a velha tradição de que outrora, Faetonte, o filho do sol, ao tentar dirigir o carro de seu pai, incendiara a terra e que ferido pelo raio, ele próprio pereceu. Semelhante relato é de caráter fabuloso. A verdade que tamanha fábula oculta sob seu símbolo é a de que os corpos celestes que se movem em suas órbitas sofrem perturbações, que determinam no tempo uma destruição periódica das coisas terrestres por um grande fogo.
Em tais catástrofes, os que habitam nas montanhas, paragens elevadas e áridas perecem mais depres-sa que os moradores da orla marítima e dos rios. A nós, o Nilo, a quem de tantas maneiras (levemos a vida, salvou-nos de tamanho desastre, quando os Deuses purificaram a terra submergindo-a. Sim, nem todos os vaqueiros e pastores pereceram sobre as montanhas. Habitantes de vossas cidades foram pouco a pouco levados até o mar, seguindo a corrente dos rios.Sem dúvida, em nosso país, nem agora e nem em outra época, as chuvas fecundaram nossas campinas, porém a natureza dispôs que a água nos viesse da própria terra, pelo rio.
Esta é a causa porque o nosso país pode conservar as tradições mais antigas. Nem os calores extrema-dos, nem as chuvas excessivas, o despojou de seus habitantes. Além do mais, se bem que a raça humana possa aumentar ou diminuir em número de indivíduos, jamais chega a desaparecer por completo da face da terra. Deste modo e por esta razão, tudo quanto se fez de formoso, grande ou memorável, sob qualquer aspe-to, seja em vosso país, seja no nosso ou em um outro, está escrito há muitos séculos e conservado em nossos templos. Todavia, entre vós e demais povos, o uso da escrita e do que é necessário a um estado civilizado não data de uma época muito recente.
Acontece que, subitamente, com determinados intervalos, vêm a cair sobre vós como uma peste cruel torrentes que se precipitam do céu e não deixam sobreviver senão homens estranhos às letras e às musas, de sorte que recomeçais, por assim dizer, vossa infância e ignorais todo acontecimento de vosso país ou do nosso que remonta ao tempo antigo. Assim, Sólon, todos esses detalhes genealógicos que nos destes relativos à vossa pátria… Parecem-se a meros contos infantis. Desde logo vós nos falais de um dilúvio, quando se verificaram muitos outros anteriormente. Além do mais, ignorais que em vosso paíis existiu a raça de homens mais excelente e perfeita. Dela tu e toda a nação são descendentes, depois que ela pereceu com exceção de um pequeno número.
Vós não sabeis porque os primeiros descendentes daquela raça morreram sem transmitir nada por escrito durante muitas gerações. Antigamente. Sólon, antes da última grande destruição pelas águas, esta mesma república de Atenas já existia. Era admirável na guerra e se distinguia em tudo pela prudência e sabedoria de suas leis, bem como por suas generosas ações. Contava, por fim, com as instituições mais formosas que jamais se ouviu falar sob os céus.”
Sólon acrescenta que ficou pasmado diante de semelhante relato e que cheio de infinita curiosidade rogou aos sacerdotes egípcios que ampliassem seus relatos”. Eu estive reencarnado na terra sagrada dos faraós durante a dinastia do Faraó Kefrén. Conheci a fundo os antigos Mistérios do Egito secreto e em verdade digo a todos que jamais consegui esquecê-los.
Nestes precisos instantes, vêm a minha memória acontecimentos maravilhosos. Uma tarde qualquer, não importa qual, caminhando lentamente pelas areias do deserto, sob os ardentes raios do sol tropical, atravessei silencioso, como um sonâmbulo, uma rua misteriosa de esfinges milenárias, diante do olhar exótico de uma tribo nômade que me observava desde suas tendas. À sombra veneranda de uma antiquíssima pirâmi-de, tive de me acercar um momento para descansar um pouco e para arrumar, pacientemente, as correias de uma das minhas sandálias.
Depois, diligente, busquei com ânsia a augusta entrada, pois desejava voltar ao Caminho Reto. O guardião, como sempre, estava no umbral do mistério. Impossível esquecer aquela figura hierática de rosto de bronze e pômulos salientes. Esse homem era um colosso… Em sua direita, em-punhada com heroísmo, estava a terrível espada. Seu porte era formidável e não há dúvida que usava com pleno direito o mandil maçônico (avental).
O interrogatório foi bastante severo:
“Quem és?”
“Sou um suplicante que vem cego em busca de luz”.
“O que desejas?”
“Luz – respondi.”
(Seria muito longo transcrever no espaço deste capítulo todo o exame verbal).
Depois, de uma maneira que eu qualifico de violenta, despojou-me de todo objeto metálico, inclusive das sandálias e da túnica. O mais interessante foi aquele instante em que o hercúleo homem me segurou pela mão para conduzir-me ao Santuário. Os instantes em que a pesada porta girou sobre seus gonzos de aço, produzindo esse DÓ misterioso do velho Egito, foram inesquecíveis. O que aconteceu depois, o encontro macabro com o “Irmão Terrível”, as provas do Fogo, Ar, Água e Terra, pode ser encontrado por qualquer Iluminado nas memórias da natureza.
Na prova do fogo, tive de me controlar o melhor possível, quando atravessei um salão em chamas. O piso estava cheio de vigas de aço esquentadas ao vermelho vivo. Muito estreito era o espaço entre aqueles trilhos de ferro ardentes, havia somente lugar para pôr os pés. Muitos foram os aspirantes que pereceram neste esforço, naqueles tempos.
Ainda recordo com horror aquela argola de aço encravada na rocha. Em baixo, somente se via o tenebroso e horripilante precipício. Sem dúvida, saí vitorioso na prova do ar. Triunfei onde outros pereceram.
Passaram-se muitos séculos e ainda não consegui esquecer, apesar da poeira de tantos anos, aqueles crocodilos sagrados do lago. Se não fossem as conjurações mágicas, teria sido devorado por esses répteis, aliás como aconteceu a muitos aspirantes.
Inumeráveis infelizes foram triturados e quebrados pelas rochas na prova da terra. Eu triunfei. Vi com indiferença duas enormes pedras que ameaçavam minha existência, fechando-se em torno de mim vira reduzirem-me a poeira cósmica. Certamente, não sou mais do que um miserável verme do lodo da terra, porém saí vitorioso.
Assim, foi como retornei à senda da revolução da consciência depois de ter sofrido muito. Fui recebido no Colégio Iniciático. Fui vestido solenemente com a túnica de linho branco dos sacerdotes de Ísis e no meu peito colocaram a cruz Tau egípcia.
“Salve, ó Rá! Semelhante a Tum (o Pai) te levantas por cima do horizonte e semelhante a Hórus (o Íntimo) caminhas no céu.
Tua formosura regozija meus olhos e teus raios (solares) iluminam meu corpo na terra.
Quando navegas em tua barca celeste (o astro-rei), a paz se estende pelos vastos céus.
Eis aqui que o vento incha as velas e alegra teu coração; com marcha rápida atravessas o céu.
Teus inimigos são derrubados e a paz reina em torno de ti. Os Gênios Planetários, percorrendo suas órbitas, cantam tua glória.
E quando desces no horizonte, atrás das monta-nhas do oeste, os Gênios das estrelas fixas se prosternam diante de ti e te adoram”. (Porque tu és o Logos Solar.)
Grande é tua formosura no alvorecer e na tarde, ó, tu, Senhor da vida e da ordem dos mundos.
Glória a ti, ó Rá, quando te levantas no horizonte e quando pela tarde, semelhante a Tum (o Pai), te deitas.
Pois, na verdade, teus raios (solares) são formosos, quando no alto da abóbada celeste te mostras em todo teu resplendor.
Ali, é onde habita Nut (a Divina Mãe Kundalini) que te trouxe ao mundo.
Eis aqui que és coroado Rei dos Deuses.
A Deusa do Oceano Celeste, Nut, tua mãe, se prosterna em adoração diante de ti.
A ordem, o equilíbrio dos mundos de ti emanam.
Desde a manhã, quando partes, até a tarde, à chegada, em rápidos lances percorres o céu. (És o Cristo -Sol.)
Teu coração se alegra e o lago celeste fica pacifi-cado. Derrubado é o demônio (o Ego, o Eu Pluralizado). Seus membros são cortados e suas vértebras seccionadas. (Assim acontece quando o dissolvemos)
Ventos propícios empurram tua barca até o porto.
As divindades das quatro regiões do espaço te adoram. Ó tu, Substância Divina, de que procedem todas as formas e todos os seres…
Eis que acabas de pronunciar uma palavra e a ter-ra silenciosa te escuta…
Tu, Divindade única (Cristo Solar), tu já reinavas no céu em uma época em que a terra com suas montanhas ainda não existia.
Tu, o Rápido! Tu, o Senhor! Tu, o Único! Tu, o Criador de tudo quanto existe!
Na aurora dos tempos, tu modelaste a língua das Hierarquias Divinas”. (Ele põe a palavra na laringe dos Deuses.)
Tu arrancaste os seres do Primeiro Oceano (o Caos) e os salvaste em uma Ilha do Lago de Hórus (o Íntimo).
Possa eu respirar o ar das ventas de teu nariz e o vento do norte que envia Nut (a Mãe Divina), tua Mãe.
Ó Rá! Digna-te santificar meu espírito. Ó Osíris! Devolve à minha alma sua natureza divina! Glória a ti, ó Senhor dos Deuses! Louvado seja teu nome.
O Criador de obras admiráveis! Aclara com teus raios meu corpo que repousa na terra para toda a eternidade.”
(Esta oração é textual do Livro Egípcio da Morada Oculta)

Os mistérios egípcios – Luz negra

“OSÍRIS É UM DEUS NEGRO.” Palavras terríveis, espantosas. Insólita e misteriosa frase que era pronunciada secretamente, no sigilo dos templos, durante as cerimônias iniciáticas no ensolarado país de Kem. Bem sabem os Deuses e os Homens que Osíris-Numen, o Deus Egípcio, resulta no fundo absolutamente incompreensível para todos nós. Isso que é mistério, isso que não entendemos, é negro para o intelecto humano. Depois desta explicação compreenderão nossos leitores a profunda significação daquela misteriosa frase.
No começo ou aurora de cada universo, a eterna Luz Negra ou obscuridade absoluta converte-se em Caos. Está escrito e com palavras de fogo em todos os livros sagrados do mundo que o Caos é o viveiro do Cosmos.
O Nada, o Caos, é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de todos os mundos que vivem e palpitam no infinito inalterável. No Aitareya Brahma, preciosa e magistral lição do Rig-Veda, fica, de fato, demonstrado até a saciedade a tremenda identidade que há entre essas luminosas idéias de brâmanes e pitagóricos, pois uns e outros se apoiam na matemática. No citado volume hindustânico alude-se com freqüência ao fogo negro, à obscura sabedoria abstrata, luz absoluta incondicional e sem nome.
Esta Seidade abstrata é o ZERO-ASTER primitivo dos persas, o Nada saturado de vida, aquilo.., aquilo… aquilo… Deus em si mesmo, isto é, o Exército da Voz, o Verbo, a Grande Palavra, morre quando chega o Grande Pralaya, a noite cósmica, para renascer terrivelmente divino na aurora do Mahavantara. O ZERO ABSOLUTO RADICAL em aritmética transcendente, o espaço abstrato em geometria, a incognoscível Seidade (não se confunda com Deidade que é diferente), não nasce, não morre e nem se reencarna.
Desse modo incognoscível ou zero radical, emana a Mônada Pitagórica ao começar qualquer universo sideral, o Pai-Mãe gnóstico, o Purusha-Prákriti hindu, o Osíris-Ísis egípcio, o Protogonos Dual ou Adam- Kadmon cabalista, o Teos-Chaos da teogonia de Hesíodo, o Ur-Anas ou fogo e água caldeu, o Iod-Heve semítico, o Zero-Ama persa, o Uno-Único, o Aunadad-Ad budista, o Ruach Elohim ou Divino Espírito do Senhor flutuando sobre as águas genesíacas do primeiro instante. Na noite profunda somente as trevas enchiam o todo sem limites, pois Pai, Mãe e Filho eram, uma vez mais, UNOS. O Filho não tinha ainda despertado para a roda e para sua peregrinação nela.
Depois dessas palavras, oremos… meditemos… adoremos. Vamos agora ao mais profundo de nosso Ser e na ausência do Eu busquemos com infinita humildade.
Lá… muito dentro… além do corpo, além dos afetos e da mente, encontraremos o menino Hórus, o Espírito Divino, nosso Real Ser, nos braços de sua Divina Mãe Kundalini, Ísis, a quem nenhum mortal levantou o véu. Ela, na verdade, é o aspecto feminino de Osíris o Pai Secreto. Este, em si mesmo, é a fase masculina de Ísis. Ambos são o Iod-Heve dos hebreus. Jan- Hovah ou Je-Hovah que os judeus destes tempos de Kali-Yuga confundiram intencionalmente com Javé, o qual como diz Saturnino de Antioquia é o Gênio do Mal, o Diabo.
Que me escutem os Deuses e que me entendam os homens! Assim como do profundo mar surgem com ímpeto tremendo as furiosas ondas que se espraiam na arenosa margem, assim também do seio infinito de Saraswati, a eterna Mãe Espaço, se levanta e se manifesta dentro de nós, a serpente ígnea de nossos mágicos poderes, nossa mãe cósmica particular.
O Senhor está ainda mais dentro e como diz HPB, há tantos Pais no céu quanto homens na terra, porém todos eles são emanações de Brahma, o oceano da grande vida. Osíris, Ísis e Hórus, vos três, dai-nos um sinal e vinde a nós. Pai, Mãe e Filho, divina Trimurti inefável e divina, três aspectos de nosso autêntico Ser. Na aurora de cada Mahavantara, o Filho, o menino Hórus, o Espírito Divino de cada um, deve enviar a essa vale de lágrimas o melhor de si mesmo, sua essência, com o propósito de se Auto-Realizar.
A batalha é terrível, Hórus, o Íntimo, o Espírito Particular de cada um, deve vencer os diabos vermelhos (o Eu Pluralizado), se quer de verdade ter Alma-Diamante. Imaginem por um momento o Andrógino Divino Rasit ou Brasit, o Pai-Mãe gnóstico já provido de Alma-Diamante. Assim são aqueles que já conseguiram a libertação final. Porém, nem todo Andrógino Divino tem Alma Diamante. Em verdade, em verdade digo a todos que muitas chamas estão sem Auto-Realização.
Certamente, Hórus é o veículo de Iod-Heve, o instrumento indispensável para a Auto-Realização. Osíris e Ísis fracassam quando Hórus é derrotado nas batalhas durante sua peregrinação na roda fatal do Samsara (vale de lágrimas). Quando Hórus sai vitorioso nas batalhas contra os diabos vermelhos, a Trindade Imortal provida de Alma-Diamante submerge para sempre na felicidade inefável do espaço abstrato absoluto.

Os mistérios egípcios – O papiro Nebseni

Quero terminar o presente capítulo transcrevendo e até comentando brevemente cada versículo da Confissão Egípcia, Papiro Nebseni:
1 – Ó tu, espírito que marchas a grandes passadas e que surges em Heliópolis, escuta-me! Eu não cometi ações perversas. (É claro que aquele que fora capaz de feitos mal intencionados deixou de existir. Somente o Ego comete tais atos. O Ser do defunto ainda em corpo vivo nunca realizaria nada maligno.)
2 – Ó tu, espírito que te manifestas em Ker-ahá e cujos braços estão rodeados de um fogo que arde! Eu não tenho agido com violência.(Ressalta, com inteira clareza, que a violência é dona de mil facetas. O Ego quebra leis, vulnera honras, profana, força mentes alheias, rompe, deslustra e intimida o próximo. O Ser sempre respeita o livre arbítrio de nossos semelhantes; é sempre sereno e tranqüilo.)
3 – Ó tu, espírito que te manifestas em Hermópolis e que respiras o alento divino. Meu coração detesta a brutalidade. (O Ego, certamente grosseiro, é torpe, incapaz, amigo da leviandade, bestial por natureza e por instinto animal. O Ser é distinto, refinado, sábio, capaz, divinal e docemente severo.)
4 – Ó tu, espírito que te manifestas nas fontes do Nilo e que te alimentas sobre as sombras dos mortos! Eu não roubei. (Ao Ego agrada o furto, a rapina, o saque, a pilhagem, o rapto, o seqüestro, a fraude, a estafa, tomar emprestado e não devolver, abusar da confiança dos outros e reter o alheio, explorar o próximo, dedicar-se ao peculato. O Ser goza dando e até renunciando aos frutos da ação, é serviçal, desinteressado, caritativo, filantropo e altruísta.)
5 – Ó tu, espírito que te manifestas em Restau e cujos membros apodrecem e engrangrenam! Eu não matei meus semelhantes. (O assassinato é o ato de corrupção mais hediondo existente no mundo. Não somente apaga a vida alheia com revólveres, gases, espadas, venenos, pedras, paus, mas também aniquila a vida de nossos semelhantes com palavras duras, olhares violentos, atos de ingratidão, infidelidade, traição, gargalhadas. Muitos pais e mães de família talvez ainda existissem se seus filhos não lhes tivessem tirado a vida mediante más ações. Multidões de esposas ou de esposos todavia ainda respirariam sob a luz do sol se um dos cônjuges houvesse permitido. Recordemos que o ser humano mata o que mais quer. Qualquer sofrimento moral pode adoecer-nos e levar-nos ao sepulcro. Todas as enfermidades têm origem no psiquismo.)
6 – Ó tu, espírito que te manifestas no céu sob a dupla forma do leão. Eu não diminuí o salamim de trigo. (O Ego altera o peso dos víveres.)
7 – Ó tu, espírito que te manifestas em Letópolis e cujos dois olhos ferem como punhais! Eu não cometi fraude. (O Ser jamais cometerá delito.)
8 – Ó tu, espírito da deslumbrante máscara que andas lentamente para trás! Eu não subtraí o que pertencia aos deuses. (Agrada ao Ego saquear os sepulcros dos grandes iniciados; profanar as sagradas tumbas; roubar as relíquias veneráveis, saquear as múmias em suas moradas, buscar nas entranhas da terra as coisas santas para profaná-las.)
9 – Ó tu, espírito que te manifestas em Herakleópolis e que golpeias e torturas os ossos! Eu não menti. (O Ego satisfaz-se com o embuste, o engano, a falsidade, a mentira, a vaidade, o erro, a ficção, o aparente. O Ser é diferente, jamais mente, sempre diz a verdade, custe o que custar.)
10 – Ó tu, espírito que te manifestas em Mênfis e quer fazer surgir e crescer as chamas. Eu não roubei o alimento de meus semelhantes. (Ao Ego apraz separar a comida de seus semelhantes, negociar ilicitamente com o alimento alheio, subtrair, extrair mesmo que seja uma parte do que não lhe pertence, levar a fome aos povos e aos grupos de pessoas, ocultar os víveres, encarecê-los, tirar deles absurdos lucros, roubar, negar um pão ao faminto.)
11 – Ó tu, espírito que te manifestas no Amenti, divindade das duas fontes do Nilo! Eu não difamei. (Ao Ego agrada a calúnia, a impostura, a murmuração, a maledicência, desacreditar nos outros, denegrir, injuriar, ao passo que o Ser prefere calar ao invés de profanar o Verbo).
12 – Ó tu, espírito que te manifestas na região dos lagos e cujos dentes brilham como o sol! Eu não sou agressivo. (O Ego é por natureza provocador, cáustico, irônico, mordaz, insultante, pulsante, aprecia o ataque, o assalto, a arremetida; fere com o sorriso sutil de Sócrates e mata com a gargalhada estrondosa de Aristófanes. No Ser, sempre sereno, equilibram-se a doçura e a severidade.)
13 – Ó tu, espírito que surges junto ao cadafalso e que, voraz, te precipitas sobre o sangue das vítimas! Sabei: eu não matei os animais do templo. (Os animais consagrados à divindade; porém o Ego fere e assassina as criaturas dedicadas ao Eterno. Somente o Ser sabe abençoar, amar e fazer todas as coisas perfeitas.)
14 – Ó tu, espírito que te manifestas na vasta sala dos trinta juízes e que te nutres de entranhas de pecadores! Eu não defraudei.(Ao Ego compraz, usurpar, roubar, frustrar, alterar, desbaratar.)
15 – Ó tu, Senhor da ordem universal, que te manifestas na Sala da Verdade-Justiça, aprende! Eu não monopolizei os campos de cultivo. (A terra é de quem a trabalha; o obreiro trabalha, lavra, sua. Mas os poderosos, os usurpadores, retêm, absorvem os terrenos cultivados. Assim é o Ego.)
16 – Ó tu, espírito que te manifestas em Bubastis e que marchas retrocedendo, aprende! Eu não escutei atrás das portas. (O Ego é curioso e perverso, por natureza e por instinto. Dizem que as sebes, muros ou paredes têm ouvidos e as portas também. O Ego encanta-se, intrometendo-se na intimidade do próximo. Mefistófeles ou Satã é sempre intruso, intrometido.)
17 – Ó tu, espírito Asti, que apareces em Heliópolis! Eu não pequei jamais pelo excesso de palavras. (O Eu é charlatão, conversador, falador, loquaz. O Ser fala o estritamente necessário, jamais brinca com a palavra.)
18 – Ó tu, espírito Tatuf, que apareces em Ati! Eu não pronunciei maldições, quando me causaram danos. (O Ego gosta de maldizer, denegrir, abominar, destratar. O Ser apenas sabe abençoar, amar e perdoar.)
19 – Ó tu, espírito Uamenti, que apareces nas covas de tortura! Eu não cometi adultério. (O Ego é mistificador, corrompido, viciado, falso, satisfaz-se justificando o adultério, sublimando-o, dando-lhe de si mesmo e dos demais; adorna-o com normas legítimas e cartas de divórcios; legaliza-o com novas cerimônias nupciais. Aquele que cobiça a mulher alheia é, de fato, adúltero, mesmo que jamais copule com ela. Em verdade vos digo que o adultério nas profundezas do subconsciente das pessoas mais castas, tem múltiplas facetas.)
20 – Ó tu, espírito que te manifestas no templo de Ansu e que olhas cuidadosamente as oferendas que te levam! Sabe, não cessei jamais de ser casto. (A castidade absoluta somente é possível quando o Ego está bem morto. Muitos anacoretas que alcançaram no mundo físico a pureza, a virgindade da alma, a honestidade e a candura quando foram submetidos às provas nos mundos supra-sensíveis fracassaram, delinqüiram, caíram como Amfortas, o Rei do Graal, entre os impudicos braços de Kundry, Gundrígia, aquela loura tempestuosa que chamavam Herodias.)
21 – Ó tu, espírito que apareces em Hehatu, chefe dos antigos Deuses! Eu nunca atemorizei as pessoas. (O Ego gosta de horrorizar, horripilar, espantar, intimidar os outros, ameaçar, derrubar moralmente o próximo, prostrá-lo, abatê-lo, assustá-lo. As casas comerciais costumam enviar lembretes, às vezes muito finos, aos seus clientes morosos, porém sempre ameaçadores.)
22 – Ó tu, espírito destruidor que te manifestas em Kauí! Eu jamais violei a ordem dos tempos. (O Ego arbitrariamente muda os horários e altera o calendário. É útil recordarmos a autêntica ordem dos sete dias da semana: 1º dia: Lua, domingo; 2º dia: Mercúrio, segunda-feira; 3º dia: Vênus, terça-feira; 4º dia: Sol, quarta-feira; 5º dia: Marte, quinta-feira; 6º dia: Júpiter, sexta-feira; 7º dia: Saturno, sábado. Os pseudo-sábios alteraram esta ordem.)
23 – Ó tu, espírito que apareces em Urit, e de quem escuto a voz monótona! Eu jamais me entreguei à cólera. (O Ego está sempre disposto a deixar-se levar pela ira, o asco, o enfado, a irritação, a fúria, a exasperação, o desafio.)
24 – Ó tu, espírito que apareces na região do lago Hekat, sob a forma de um menino! Eu jamais fui surdo às palavras da Justiça. (O Ser ama sempre a eqüidade, o direito. É imparcial, reto, justo. Quer a legalidade, o que é legítimo, cultiva a virtude e a santidade; é exato nas suas coisas, cabal, completo; deseja a precisão e a pontualidade. Em contrapartida, o Ego trata sempre de justificar e desculpar seus próprios delitos. Jamais é pontual, deseja o suborno, é dado a aconselhar e corromper os tribunais da justiça humana.)
25 – Ó tu, espírito que apareces em Unes e cuja voz é tão penetrante! Eu jamais promovi querelas. (O Ego aprecia a mágoa, a discórdia, a disputa, a demanda, a briga. É amigo de politicalhas, contendas, pleitos, litígios, discussões. Por antítese diremos que o Ser é diferente: ama a paz, a serenidade, é inimigo das palavras duras; se aborrece com as alterações, as falcatruas. Diz o que tem a dizer e logo guarda silêncio, deixando aos seus interlocutores completa liberdade para pensarem, aceitarem ou recusarem; depois retira-se.)
26 – Ó tu, espírito Basti, que apareces nos Mistérios! Eu não fiz meus semelhantes derramarem lágrimas. (O pranto dos oprimidos cai sobre os poderosos como um raio de vingança. O Ego promove lamentos e deploráveis situações. O Iniciado bem morto, embora tenha vivo o seu corpo, onde quer que passe deixa centelhas de luz e de alegria.)
27 – Ó tu, espírito cujo rosto está na parte posterior da cabeça, e que deixas tua morada oculta! Eu jamais pequei contra a natureza com os homens. (Os infrassexuais de Lilith, homossexuais, pederastas, lesbianas, afeminados, são sementes degeneradas, casos perdidos, sujeitos que de nenhuma maneira podem se auto-realizar. Para esses serão as trevas exteriores, onde se ouve somente o pranto e o ranger de dentes.)
28 – Ó tu, espírito com a perna envolta em fogo e que sais de Akhekhu! Eu jamais pequei pela impaciência. (A intranqüilidade, o desassossego, a falta de paciência e de serenidade são obstáculos que impedem o trabalho esotérico e a auto-realização íntima do Ser. O Eu é por natureza impaciente, intranqüilo, tem sempre tendência a alterar-se, enfadar-se, arder, enojar-se. Não sabe esperar e por isso fracassa.)
29 – Ó tu, espírito que sais de Kenemet e cujo nome é Kenemti! Eu jamais injuriei a qualquer pessoa. (O iniciado bem morto, que já dissolveu o Ego, tem somente dentro de si o Ser e este é de natureza divina, incapaz de injuriar o próximo. O Ser não ofende a ninguém, é perfeito em pensamento, palavra e obra. O Ego fere, maltrata, danifica, insulta, ultraja, agrava.)
30 – Ó tu, espírito que sais de Saís, e que levas em tuas mãos tua oferenda. Eu não fui querelador. (Ao Ego agradam as broncas, alvoroços, grosserias.)
31 – Ó tu, espírito que apareces na cidade de Djefit e cujas faces são múltiplas! Eu não agi precipitadamente. (O Eu tem sempre a marcada tendência a desesperar-se. É arrebatador, inconsiderado, imprudente, temerário, irreflexivo, deseja correr, andar depressa, não tem precaução. O Ser é muito diferente, profundo, reflexivo, prudente, paciente, sereno.)
32 – Ó tu, espírito que apareces em Unth e que estás cheio de astúcia! Eu não faltei com o respeito aos deuses. (Durante este presente ciclo tenebroso do Kali-Yuga as pessoas zombam dos deuses santos, Prajapatis ou Elohim bíblicos. As multidões da futura sexta raça voltarão a venerar os inefáveis.)
33 – Ó tu, espírito adornado de chifres e que sais de Santiú! Em meus discursos nunca usei de palavras excessivas. (Observemos os charlatães das diversas emissoras radiofônicas! Assim também é o Eu; sempre palrador.)
34 – Ó tu, Nefer-Tum, que sais de Mênfis! Eu não defraudei nem obrei com perversidade. (A fraude tem muitos coloridos de tipo psicológico. Sentem-se defraudadas as noivas enganadas; os maridos traídos; os pais e mães abandonados ou feridos moralmente por seus filhos; o trabalhador despedido injustamente de seu emprego; o menino que não recebeu o prêmio prometido; o grupo esotérico abandonado por seu guia. Interessa ao Eu defraudar, perverter, corromper, infeccionar tudo quanto toca.)
35 – Ó tu, Tum Sep, que sais de Djedu! Eu não tenho jamais injuriado o rei. (Os chefes de Estado são os veículos do Karma; por isso não devemos amaldiçoá-los.)
36 – Ó tu, espírito, cujo coração é ativo e que sais de Debti! Eu jamais poluí as águas. (Seria o cúmulo do absurdo que um iniciado com o Ego bem morto cometesse o crime de emporcalhar as águas dos rios e dos lagos. Mas apraz ao Eu realizar tais crimes, porque não sente compaixão pelas criaturas; não quer entender que ao infectar o elemento líquido prejudicam tudo o que tiver vida.)
37 – Ó tu, Hi, que apareces no céu! Saiba: minhas palavras jamais foram altaneiras. (O Ego é altivo por natureza, soberbo, orgulhoso, arrogante, imperioso, depreciativo, desdenhoso. Ele esconde seu orgulho sob a túnica de Arístipo – vestimenta cheia de buracos e remendos. Dá-se até ao luxo de falar com fingida mansietude e poses piedosas, mas através dos buracos de sua roupa nota-se a sua vaidade.)
38 – Ó tu, que ordenas aos iniciados! Eu não amaldiçoei os deuses. (As pessoas perversas abominam e denigrem os deuses, anjos e devas.)
39 – Ó tu, Neheb-Nefert, que sais do lago! Eu não fui jamais impertinente nem insolente. (A impertinência e a insolência fundamentam-se na falta de humildade e paciência. O Ego gosta de pisar, magoar, é irreverente, inoportuno, disparato, grosseiro, precipitado, torpe.)
40 – Ó tu, Nehebe-Kau, que sais da cidade. Eu não intriguei jamais, nem me fiz valer. (O Ego quer subir, galgar o cimo da escada, fazer-se sentir, ser alguém na vida. O Eu é farsante, embrulhão, enredador, maquinador, obscuro e perigoso.)
41 – Ó tu, espírito, cuja cabeça está santificada e que logo sais de teu esconderijo! Saiba: eu não enriqueci de modo ilícito. (O Ego vive em função do “mais”. O processo acumulativo do Eu é horripilante: mais dinheiro, não importando os meios, ainda que seja estafando, enganando, defraudando, intimando, trapaceando. Mefistófeles é perverso, malvado, assim tem sido sempre Satã, o Mim Mesmo.)
42 – Ó tu, espírito que sais do mundo inferior e levas ante ti teu braço cortado. Eu jamais desdenhei os deuses da minha cidade.(Essas divindades inefáveis, anjos protetores das povoações, espíritos familiares, etc, merecem nossa admiração e respeito. Eles são os Deuses Penates dos antigos tempos. Cada cidade, povo, metrópole ou aldeia, tem seu reitor espiritual, seu Prajapati. Não existe família que não tenha seu próprio regente espiritual. O Ego despreza os pastores da alma.)

Os mistérios egípcios – Múmias egípcias

Ó Keb! Gênio da Terra, poderoso Senhor do Mundo, sublime protetor das veneráveis múmias no país en-solarado de Kem… Salve!
Que escutam meus ouvidos? Ó Deuses do Amen-Rá! Ainda ressoa no fundo de todas as idades o verbo inefável de Hermes Trimegistro, o três vezes grande Deus Íbis de Toth.
Um vapor de antiguidade pesa sobre os antiquíssimos mistérios da Esfinge do deserto e as almas do Amenti aspiram uma nova manifestação Netuniano-Amentina.
Nestes momentos, vem à minha memória uma reencarnação egípcia. Certamente, eu nasci e vivi ali durante a dinastia do Faraó Kefrén.
Ainda que minhas palavras possam parecer enigmáticas e estranhas, em verdade digo a todos que meu corpo físico não morreu e sem dúvida desceu para o sepulcro.
Catalepsia? Sim. De que tipo? Impossível explicar porque agora ninguém entenderia. Ah, porém meu caso não foi uma exceção. Muitos outros hierofantes passaram para a sepultura em estado cataléptico . Que esse tipo especial de múmias continuem vivas e sem alimento algum, porém com todas as suas faculdades naturais em suspenso, é algo que de modo algum deve surpreender-nos.
Recordem que os sapos durante o inverno, sepultados no Iodo, jazem cadavéricos sem alimento algum, porém na primavera voltam à vida. Já ouviram falar de hibernação? Em Paris esse ramo científico está muito avançado. Um doutor amigo me informou que aqui no México também se ia estabelecer. Qualquer organismo humano colocado em câmaras de hibernação, abaixo de zero graus dorme profundamente, parece um cadáver com todas as faculdades humanas suspensas. Disseram-nos que o primeiro homem que serviu de cobaia para tal experiência permaneceu nesse estado durante um século inteiro. Comentam que esse sujeito ainda vive.
A catalepsia egípcia vai muito mais longe. Ademais, está combinada com a magia e a Química Oculta.
Obviamente, minha alma escapou do corpo. Inquestionavelmente, este tipo especial de mumificação não foi obstáculo para continuar meu ciclo de reencarnações.
A alma de qualquer Hierofante egípcio tem quatro corpos:
1. A múmia
2. Ká (corpo astral)
3. Bá (corpo mental)
4. Khu (corpo causal)
Eu me afastei da múmia. Melhor diríamos, minha alma emancipou-se daquele corpo mumificado. Minha alma vestida com seus veículos superiores continuou no Amenthi e depois seguiu reencarnando-se em distintos lugares do mundo. Sem dúvida, ainda existe um fio simpático magnético que de alguma forma mantém certa relação entre minha alma e a múmia.
Às vezes, meu espírito mete-se em tal corpo, aparentemente morto, então este corpo sai de seu estado cataléptico. A minha personalidade humana atual não é obstáculo para essa classe de experimentos. Ninguém pode estorvar o espírito. Ele pode tirar a múmia da sepultura e submergi-la na quarta dimensão.
Eu me afastei da múmia. Melhor diríamos, minha alma emancipou-se daquele corpo mumificado.
Minha alma vestida com seus veículos superiores continuou no Amenti e depois seguiu reencarnando-se em distintos lugares do mundo. Ele pode abandonar a quarta dimensão e entrar neste mundo de três dimensões para visitar alguém. Ele conhece a região dos canais e das correntes, o lugar úmido, a ante-sala desta região química em que vivemos.
Ele sabe abrir a porta de Keb que da acesso à região do ar. Ele tem o poder para chamar os seres mágicos com os quais pode penetrar na região dos cinco sen-tidos para fazer-se visível e tangível diante de alguém.
Depois de tais experimentos, meu espírito pode fazer com que a múmia regresse ao seu sarcófago. Depois da minha morte, minha alma poderá se reincorporar definitivamente nessa múmia, se Tum assim o quiser. O corpo sairia de seu estado cataléptico definitivamente e minha alma vestida com essa carne poderia viver como qualquer pessoa, viajando de país em país. Voltaria a comer, beber, viver sob a luz do sol, etc. A múmia seria tirada definitivamente do sepulcro através da quarta dimensão.


Os mistérios egípcios – As sete eternidades e sendas da felicidade

O espaço abstrato absoluto é a causa causarum de tudo o que é, foi e será. O espaço profundo e ditoso é certamente a incompreensível Seidade, a mística raíz inefável dos sete Cosmos, a origem misteriosa de tudo isso que conhecemos como espírito, matéria, universos, sóis, mundos etc. “Aquilo” não tem dimensão alguma e, em verdade, é o que é, o que sempre foi e o que sempre será, a vida que palpita intensamente em cada átomo e em cada sol.
Falemos agora sobre o grande oceano do espírito. Como defini-lo? Certamente ele é Brahma, a primeira diferenciação de “Aquilo”, diante de quem tremem os Deuses e os homens. ”Aquilo” é espírito? Em verdade digo a todos que não é. Isso é matéria? Certamente, digo a todos que não é. ”Aquilo” é a raiz do espírito e da matéria, mas não é nem um e nem outro. ”Aquilo” transcende as leis de número, medida e peso, lado por lado, quantidade, qualidade, frente, verso, em cima, em baixo etc.
“Aquilo” é isso que tem realidade além do pensamento, do verbo e da ação. “Aquilo” não é do tempo e está além do silêncio, do som e dos ouvidos para percebê-lo. ”Aquilo” é imutável em profunda abstração divinal. Luz que jamais foi criada por qualquer Deus ou por qualquer homem. “Isso” não tem nome. Brahma é espírito, porém ”Aquilo” não é espírito. O Absoluto, o Imanifestado, é luz incriada.
Onde estava a matéria-prima da Grande Obra? Evidentemente, ela repousava antes da aurora da criação no seio profundo do Espaço Abstrato Absoluto. A sabedoria antiga diz que Brahma, o Pai, o oceano do espírito universal da vida, ao chegar a Grande Noite (isso que os hindus chamam de Pralaya ou dissolução do universo), submerge no Espaço Abstrato Absluluto durante sete eternidades. As sete eternidades significam evos ou períodos de tempo totalmente definidos, claros e precisos.
Foi-nos que um Mahakalpa, grande idade, Dia Cósmico, tem certamente um total de 311.040.000.000.000 de anos. Obviamente, uma Noite Cósmica, Mahapralaya, equivale à mesma quantidade de tempo. O espaço está cheio de universos, enquanto alguns sistemas de mundos saem da noite profunda, outros chegam ao ocaso. Aqui berços, ali sepulcros. Antes de que amanhecesse este Grande Dia no qual vivemos, nos movemos e temos nosso Ser, o que existia?
O Rig Veda responde:
“Não existia algo, nem existia nada;
O resplandecente céu não existia’
Nem a imensa abóbada celeste se estendia no alto;
O que cobria tudo? O que o cobria?
O que o ocultava?
Era o abismo insondável das águas?
Não existia a morte, porém nada havia de imortal.
Não existiam limites entre dia e noite.
Só o UNO respirava inanimado e por si,
Pois nenhum outro que Elo’ jamais houve.
Reinavam as trevas e todo o princípio estava velado.
Obscuridade profunda; um oceano sem luz.
O Germe até então oculto no involucro faz brotar uma natureza do calor.
Quem conhece o segredo? Quem o revelou?
De onde surgiu esta multiforme criação?
Aquilo de onde toda esta imensa criação procedeu, por bem sua vontade criou. O mais elevado vidente, no mais alto céu o conhece, ou quem sabe tampouco Ele ainda o saiba.
Contemplando a Eternidade.
Antes que fossem lançados os cimento da terra, Tu eras.
E quando a chama subterrânea rompa sua prisão e devore a forma,
Ainda serás Tu, como eras antes.
Sem sofrer mudança alguma quando o tempo não exista.
Ó infinita inteligência divina.
Divina Eternidade.
As Sete Sendas da Felicidade
Dentro desse intrincado e confuso labirinto de teorias pseudo-esotéricas e pseudo-ocultistas, certamente muito se fala e se discute com relação aos sete Raios de Ação Cósmica. Máquinas humanas com línguas viperinas que dizem maravilhas! Gente que dorme sobre a face da terra! Bípedes tricerebrados ou tricentrados que não somente ignoram, como ainda ignoram que ignoram. Máquinas que passam, vão e vêm, falam, discutem se vos agrada, porém em verdade vos digo que nada sabem…
Experiência mística direta, isso é saber. Em verdade, a vivência esotérica, o êxtase, é só para homens de CONSCIÊNCIA DESPERTA. Querem deixar de ser máquinas? Em boa hora vos felicito, porém comecem a despertar.
Ah!… se as pessoas despertassem, se deixassem de ser máquinas.., que diferente seria a vida. Parece incrível, mas com 10% de consciência desperta, desapareceriam as guerras e reinaria a paz neste vale de lágrimas. Saibam soberanos e vassalos, próceres e mendigos, que vossas miseráveis existências são só um tecido de sonhos. No desconhecido pélago, o navio segue ao azar o ímpeto de uma ave. Onde vais? Nem sequer o navegante genovês sabe, pois dorme.
Dentro da trágica consciência que levamos em nós, há tristezas que reanimam e alegrias que empalidecem, há regozijos que choram e sofrimentos que cantam. O animal intelectual sempre mata o que mais adora. Consciência que dorme, quão diferente serias se despertasses. Conhecerias as sete sendas da felicidade e a luz de teu amor brilharia por todas as partes. As aves se regozijariam no mistério dos bosques, resplandeceria a luz do espírito e os elementais da natureza alegres a ti cantariam seus versos de ouro.
Uma noite qualquer, não importa qual, não importa o dia nem a hora, eu conversava com um Adepto da Irmandade Branca no universo paralelo da quinta dimensão. O diálogo, suave e delicioso, corria lentamente como um rio de ouro sob a selva espessa do sol. De repente, sob a folhagem sublime da árvore da vida o interpelei assim: “Você tem corpo físico? Você está consciente?” Obviamente, as respostas deixaram-me plenamente satisfeito. “Sim, estou desperto, tenho corpo físico, porém nestes momentos sinto que a minha consciência começa a adormecer gradualmente, lentamente, pouco a pouco, conforme o veículo denso me atrai para isso que chamam de estado de vigília.
O mais interessante foi aquele momento inefável em que o Adepto, flutuando extático no ambiente sideral, juntou beatificamente seus pes de tal forma que as plantas deles fizeram contrato entre si, então pareceu fortalecer-se e sua consciência recobrou a lucidez. Imitei seu exemplo e o Adepto explicou-me a chave dizendo: “Com este segredo, tu podes resistir à atração magnética do corpo denso e assim permanecer fora dele todo o tempo que tu quiseres. Resulta ostensível, palpável e claro que só tais Adeptos, homens de verdade, conscientes e despertos, sabem o que são os sete caminhos.
Na noite cósmica, as sete sendas da felicidade não existem e somente o UNO respira inanimado e por si. Antes de que o coração do sistema solar começasse a palpitar intensamente, as causas da dor não existiam porque não havia quem as produzisse e fosse aprisionado por elas.