6.5.11

Mitologia Grega _ "Os deuses só podem nos dar o que ja temos dentro de nós".

COM A AJUDA DOS DEUSES * Por Maria Aparecida Diniz Bressani - Nós, humanos, somos seres complexos. Temos necessidades a serem satisfeitas que, em muitos aspectos, se conflitam. Como um quebra-cabeça montamos nossa personalidade e precisamos que todas as partes deste quebra-cabeça, daquilo que chamamos Eu, tenha espaço para se expressar na nossa vida.
Os papéis que representamos no decorrer da vida, dando expressão para uma parcela do nosso Eu, são também necessidades a serem supridas. A mulher é filha, mãe, esposa, namorada, amiga, profissional e dona-de-casa. O homem também tem seus diversos papéis a desempenhar.
A Mitologia Grega nos legou um presente precioso: os diversos Mitos e que são, na verdade, representações das mais variadas facetas humanas que vivenciamos no nosso dia-a-dia durante toda a nossa existência.
Todos nós, homens ou mulheres, temos uma Deméter, um Marte, um Zeus ou uma Vênus dentro de nós, além de todos os outros deuses e deusas também.... Entretanto, como cada pessoa satisfaz cada um desses deuses e deusas internos e harmoniza as suas expressões depende de seus valores e crenças.
Imaginemos que a vida é feita de departamentos. Cada departamento vai precisar que um deus ou deusa se responsabilize e tome frente para organiza-lo e coloca-lo em funcionamento efetivo, proporcionando à pessoa sensação de satisfação e realização dentro daquele departamento da sua vida.
Embora um deus ou uma deusa possa ser responsável por um departamento específico isto não significa que os outros deuses estão excluídos e isentos de participarem e colaborarem.
Por exemplo, no departamento de filhos, para a mulher a grande responsável é a deusa Deméter. É ela que proporciona as qualidades necessárias para que a mulher seja capaz de acarinhar, nutrir e dar todo amor materno incondicional que tanto a criança precisa.
Para a mulher viver a relação com seus filhos sob a regência da deusa Deméter é viver no paraíso – tanto para a mãe quanto para o filho – pois é só um usufruir mútuo de carinho, aconchego e amor.
Porém, esta mulher também vai precisar da ajuda do deus Kronos para entender, primeiro, que a responsabilidade de educar aquele ser é dela, pois ela é o adulto da história (ela pode até contar com a ajuda do pai da criança para dividir a responsabilidade sobre a educação do filho, portanto são ambos os adultos, co-responsáveis!). Depois, é preciso ter consciência de que o tempo passa: aquele seu bebezinho vai crescer e cada fase é uma fase diferente, exigindo então cuidados e limites diferentes e adequados para cada fase.
O que é muito comum é vermos a utilização negativa deste deus: sendo extremamente permissiva ou por demais ditadora (ou permitindo que o pai o seja).
Para educar uma criança, a mulher precisa também acessar a deusa Atenas, racional e objetiva, capaz de estabelecer uma estratégia na educação que lhe dará, para que a criança possa desenvolver suas habilidades intelectuais e o relacionamento com seus amiguinhos.
Essas duas deusas associadas – Deméter e Atenas – tornam-na uma mãe amorosa e didática. Brinca com sua criança, por exemplo, com jogos de montar, quebra-cabeça e faz sessões de leitura e o deus Kronos lhe permitirá dizer o não, sem culpa, tão necessário para a educação e formação de seu caráter.
Precisará, também, da deusa Ártemis para que possa ensinar sua filha a apreciar e respeitar a natureza; para orientar seu filho a gostar e tratar com carinho os bichinhos domésticos (tendo-os ou não). É a deusa Ártemis que pede passeios no parque, piqueniques e programas de acampamentos junto à natureza.
É bom acionar o deus Zeus para ensinar sobre o respeito à autoridade (normalmente as mulheres deixam isto apenas a cargo do pai – representante de Zeus), mas é preciso saber que, como mãe, também se é uma autoridade a ser respeitada pelo filho.
Plutão também deve fazer parte deste panteão, pois é importante ensinar à criança a suportar a frustração de uma perda e que saiba que isso faz parte da vida.
É importante dar espaço também para o deus Marte, entendendo a agressividade natural da criança, orientando-a e canalizando-a, sem reprimi-la.
Todos esses deuses e deusas presentes e atuando na relação mãe-e-filho precisam de um porta-voz: Hermes, o deus mensageiro dos deuses. É esse deus que, associado a cada um dos outros deuses, irá propiciar a comunicação entre a mãe e o filho e permitir o desenvolvimento da percepção na criança.
É através de Hermes que se mostrará o tom bravo da voz da mamãe quando ela está zangada (Hermes/Deméter/Zeus/Kronos) ou tom doce e suave quando ela estimula sua criança a ver a borboleta ou o colorido de uma flor (Hermes/Deméter/Ártemis) ou tom de felicidade quando a criança consegue ficar em pé e dar os primeiros passinhos (Hermes/Deméter/Atenas) ou aquele não firme e categórico sobre algo que a mãe sabe não ser possível permitir à criança (Hermes/Deméter/Zeus/Kronos).
Então, podermos perceber que embora seja um campo de responsabilidade de Deméter, ela precisa da ajuda dos outros deuses para que seu trabalho seja o mais eficiente possível.
E é assim que acontece nos outros setores de nossa vida: primeiro, devemos chamar o auxílio do deus ou da deusa responsável e permitir que assuma o seu respectivo comando, e depois quanto mais pudermos contar com a ajuda dos outros deuses e deusas para auxiliá-lo(a) mais eficientes e satisfeitos conosco mesmos nos sentiremos.
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Maria Aparecida Diniz Bressani é psicóloga e psicoterapeuta Junguiana, especializada em atendimento individual de jovens e adultos, em seu consultório em São Paulo.
Email: mariahbressani@yahoo.com.br
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Mitos Gregos e as qualidades Humanas * Por Maria Aparecida Diniz Bressani -
Toda e qualquer mitologia, de todas as civilizações, pretende explicar o desenvolvimento do ser humano e da natureza, bem como a inter-relação entre os mesmos.
Os Mitos, porém, nos apresentam o ser humano e seu desenvolvimento de forma analógica, ou seja, não lógica - ou dentro da racionalidade objetiva compreendida pela consciência humana. Ao entrarmos em contato com os Mitos, portanto, precisamos nos libertar da objetividade e mergulhar na subjetividade de seu universo.
Na Mitologia Grega, através de sua história e de cada um de seus Mitos, podemos compreender o desenvolvimento da consciência do ser humano, encontrando modelos per se, ou seja, protótipos únicos em si, que Jung chamou de Arquétipos.
Não são os deuses e deusas da mitologia que devemos reverenciar como se estivessem dentro de nós ou em algum lugar, pedindo suas bênçãos, pois eles são apenas representações das qualidades e das características humanas. Deuses e deusas servem como referência e compreensão mais ampliada do ser humano.
Portanto, o estudo dos Mitos nos leva a uma maior compreensão das características morais, emocionais e espirituais do ser humano – e seus respectivos desenvolvimentos – pois cada Mito representa determinadas qualidades humanas, num leque que vai desde a polaridade positiva até o outro extremo, a negativa; assim como, de forma genérica, podem expressar-se em cada um de nós.
Apresento então alguns Mitos Gregos como exemplo. Podemos perceber que eles são, cada um deles, representações simbólicas da natureza e, por analogia, apresentam qualidades humanas positivas e negativas; demonstrando, desta forma, simbolicamente, a inter-relação entre o ser humano e a natureza.
URANO - Céu estrelado: Intuição / Intransigência
CRONO - Deus do Tempo: Auto-responsabilidade / Rigidez
ZEUS - Deus dos Deuses: Poder Masculino / Poder Ditatorial
HERA - Esposa de Zeus: Poder e Compromisso / Arrogância
DEMÉTER - Mãe de Core / Perséfone: Nutrição / Depressão
CORE / PERSEFONE - Filha de Demeter / Rainha do Submundo: Poder Interior / Passividade
PLUTÃO - Senhor do Submundo: Poder Interior / Manipulação
HÉSTIA - Fogo Sagrado: Centro Religioso / Sacrifício do Ego
NETUNO - Deus dos Mares: Inspiração / Ilusão
ARES - Deus da Guerra: Coragem / Temeridade
APOLO - Deus da Luz e da Cura: Harmonia / Vaidade
HERMES - Deus da Comunicação: Discernimento / Ignorância
AFRODITE - Deusa do Amor e do Prazer: Prazer / Descomedimento
Deuses e Mitos na Vida dos Gregos * culturabrasil.pro.br - O espaço dos deuses na vida dos gregos -
Para muitos povos, a religião, através dos valores transmitidos por suas crenças e das práticas que realizam em seus rituais, organiza a vida da sociedade. E assim era entre os gregos.
Na nossa sociedade, uma mesma religião muitas vezes não atinge um povo inteiro, mas somente parte dele. Assim, num mesmo país é possível haver várias comunidades religiosas distintas, cada uma com seu sistema de crenças e ritos. Na cidade de São Paulo, por exemplo, podemos encontrar católicos, protestantes de orientações diversas, testemunhas-de-jeová, umbandistas, espíritas, etc. Todas essas comunidades freqüentemente fazem parte de uma rede maior, muitas vezes com uma sede central em algum lugar específico. Por exemplo, os católicos romanos de todas as cidades onde eles existem constituem uma comunidade mundial com sede em Roma.
Na Grécia Antiga, as várias cidades-estados eram parte de uma mesma comunidade religiosa: tinham as mesmas crenças e rituais, tanto que se faziam representar num santuário comum, Delfos, e se uniam para rituais, como, por exemplo, os que aconteciam nas festas pan-helênicas, como as Olimpíadas.
A religião, em todos os seus aspectos, diz respeito ao universo sagrado, ou seja, aquele que ultrapassa os poderes e as virtudes humanas, que as transcende e que contém verdades absolutas. O conteúdo desse universo sagrado são as divindades e seus poderes, os mitos e lendas. Para que o universo profano (não sagrado) entre em contato com o sagrado é preciso realizar uma série de ações significativas, os rituais, praticados segundo o conhecimento da tradição religiosa, transmitido por pessoas que tiveram a incumbência de guardá-lo e ensiná-lo às gerações seguintes.
Entre os gregos, a tradição religiosa era transmitida oralmente por poetas como Homero e Hesíodo, que viveram entre os séculos IX a.C. e VIII a.C., inspirados por divindades ligadas à música e à poesia, as Musas. Seus relatos foram retomados por dramaturgos dos séculos V a.C. e IV a.C
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