6.5.11

a lenda

BAST
A Deusa Gata 
 
    Dizia a lenda que a Deusa Leoa Sekmet, após ter dizimado parte da humanidade, fora apaziguada e se transformara numa gata mansa. A terrível leoa bebedora de sangue se transformou em Bast, a gata bebedora de leite.
    A Deusa egípcia com cabeça de gato, Bast, era uma divindade estritamente solar até a chegada da influência grega na sociedade egípcia, quando se tornou também uma Deusa lunar devido aos gregos que a associaram a Artemis. Datando da 2a. Dinastia (em torno de 2890-2686), Bast foi retratada orginalmente como uma gata do deserto selvagem e também como uma leoa e só foi associada a felinos domesticados por volta de 1000 a.C. Ela foi comumente equiparada a Sekhmet, a Deusa Leoa de Memphis, Wadjet e Hathor. Bast era a "Filha de Rá", uma designação que a colocou no mesmo patamar de Deusas como Maat e Tefnut. Adicionalmente, Bast era considerada um dos "Olhos de Rá" enquanto o outro olho era atribuído a sua irmã Sekmete.
    Bast é freqüentemente representada como uma gata ou como uma Deusa com corpo de mulher de cabeça de gata, portando um sistro, um Ankh, ou um bastão de papiro.  Quase nunca é mostrada em aspecto humano total.
    Conhecida primeiramente como A Gata Selvagem ao longo das margens do Nilo, ou A Gata do Deserto, Bast a princípio não era representada como uma gata doméstica, forma que lhe fora atribuída em períodos mais recentes.
    Para os egípcios os gatos representavam o Sol, a Rainha e também a Lua.  Encontramos inúmeras representações do gato sagrado do Deus Rá comendo a serpente das sombras. Em razão disso, Bast passou a ser considerada a Deusa protetora  do Faraó, além de a Grande Vingadora.
    Em anos mais recentes, Bast foi associada a outros Netjer (Deuses egípcios antigos), como Het-Heret (Hathor) e Aset (Íris). A associação a estas duas Deusas lhe foram atribuídas devido aos seus atributos (música, sensualidade, fertilidade e artes). Por este motivo, o papel de Bast começou a mudar, e se estendeu também para a protetora das mulheres, crianças e famílias.  Neste momento, o papel do gato no Egito Antigo também começou a mudar para um parceiro mais doméstico, o que conferiu um  estigma mais suave a Bast.
    Depois, em tempos helenos, o nome Bast foi associado a Ísis: (Ba-Aset) Ba = alma/Aset = Ísis (Bast = alma de Ísis).
    O culto a Bast já era praticado na 1a. Dinastia. Ela hora homenageada com longas procissões à luz de tochas e com mistérios sagrados, como a Deusa da Magia e Tecelagem, Aquela que não nasceu, mas gerou a si mesma. Os egípcios celebravam o banquete de Bast com músicas alegres, dança e bebida numa esta de alegria e prazer total, onde seus adoradores balançavam um sistro durante a celebração para homenageá-la.
    Os gregos compararam Bast com Diana e Ártemis e Hórus com Apolo; por isso Bast foi incluída posteriormente nos mitos de Osíris-Íris como sua filha (essa associação, porém, nunca foi feita antes da chegada da influência helênica ao Egito). Ela é considerada a mãe do Deus com cabeça de Leão Mihos (que também foi adorado em Bubástis, com Thoth).
    Bast também está ligada a Sekmet, e em tempos modernos, Bast e Sekmet passaram a ser Deusas gêmeas, faces de uma mesma moeda. As lendas dizem que Thot teria apaziguado a voracidade sangüínea de Sekmet, dando-lhe cerveja para beber em vez de sangue (outras versões dizem que ele lhe deu leite). Sekmete então se transforma em Bast, a Deusa dos festivais, da sensualidade e da bebedeira. Juntas, as irmãs gêmeas formam o conceito do "Yin/Yang" da religião egípcia:  Bast como a força positiva de natureza amorosa e apaziguadora, e Sekmet como a força destrutiva e sanguinária.
    O fogo estava associado a Bast e Sekmet. Enquanto Sekhmet representava o aspecto negativo-devorador do fogo do deserto (o Sol), como o olho de Rá que queima e executa, Bast representava os aspectos regeneradores do Sol, como o olho de Rá que aquece e traz fertilidade. Bast não era apenas uma divindade associada ao Sol, mas também à Lua, isso porque ela é uma Deusa egípcia vinda do Oriente (leste) e tanto o Sol quanto a Lua nascem no leste e morrem no oeste. A Deusa Bast, por seu parentesco com a Lua, insere-se no mundo unitário do Grande feminino. O gato com olhos brilhantes é um animal lunar, daí a relação de Bast com a cor verde e as mulheres grávidas.
    Além de estar ligada ao fogo, ela também estava ligada aos grandes volumes de água.  Era tida como o céu noturno e aquela que abre os caminhos, levando consigo a chave dos Deuses da fertilidade, a chave dos porões do útero, do mundo interior, da morte e do renascimento.
    Outra face popular de Bast, é a sua forma terrestre, um gato preto sentado. Quando ela assume essa forma, passa a assumir o nome de Bastet. É também conhecida como Pasht (em seu aspecto escuro). É identificada com Ártemis e Diana, além de ser o gentil olho do Sol, a Senhora do Leste. Gatos lhe eram sagrados e embalsamados quando morriam. Ela carrega um sistro e uma cesta e normalmente se veste de verde. Deusa do Fogo, da Lua, do parto, do amor, da sexualidade, do êxtase, da fertilidade, do prazer, da alegria, da música, da dança, da proteção contra as doenças de todos os animais que lhe são sagrados (especialmente os gatos). Domina a intuição, a cura e o matrimônio.
    Bast é a Deusa egípcia protetora de gatos, mulheres e crianças. Ela é a Deusa do Amanhecer e do Nascimento. Também é a Deusa da Lua e possuidora de Utchat (o olho do seu irmão Hórus).