AMAZONAS - Mulheres guerreiras A mitologia grega fala das amazonas, mulheres que comprimiam ou queimavam o seio direito porque assim lhes ficava mais fácil usar os arcos e disparar flechas contra os inimigos, ou durante caçadas. Diz a lenda que elas mantinham contato passageiro com os homens que habitavam as regiões vizinhas àquelas que dominavam, enviando depois, aos respectivos pais, os filhos varões nascidos desse relacionamento. Algumas se tornaram célebres, como as rainhas Hipólita, ou Antíope, e Pentensiléia, que ajudou os troianos contra os gregos e foi morta por Aquiles.
Sobre esta, o Livro de Ouro da Mitologia, de Thomas Bulfinch, registra: “Outra aliada foi Pentensiléia, rainha das Amazonas, que chegou à frente de um bando de guerreiras. Todas as autoridades afirmam sua bravura e o terrível efeito do seu grito de guerra. Pentensiléia matou muitos guerreiros gregos, mas afinal foi morta por Aquiles. Quando, porém, o herói se debruçou sobre o cadáver da inimiga caída e contemplou sua beleza e mocidade, lamentou amargamente a vitória”.
Outras amazonas também ficaram famosas, como as da Ásia, comandadas pela rainha Tomitis, que venceram e mataram Ciro, príncipe persa, e as da África, que subjugaram os atlantes, povos que habitavam a Atlântida, mas depois foram exterminadas por Hércules. E durante o século 8, na Boêmia, mulheres guerreiras comandadas por Vastla, construíram fortalezas e durante oito anos semearam o terror naquela região. No século 16, Francisco Orellana (1490-1546), explorador espanhol, comandou uma expedição ao rio Napo, afluente do Amazonas, e ao chegar à confluência deste com o rio Maranhão decidiu continuar descendo seu curso. No decorrer dessa viagem os índios lhe falaram de uma tribo de mulheres guerreiras, ou amazonas, e ele afirmou tê-las encontrado perto da desembocadura do rio Trombetas, vindo daí a designação dada ao nosso grande rio.
O registro desse encontro revela que elas “são muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido, entrançado e enrolado na cabeça”... “São muito membrudas e andam nuas em pêlo, tapadas as suas vergonhas, com seus arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra como dez índios”... “Quando lhes vinha o desejo, faziam guerra a um chefe vizinho, trazendo prisioneiros que libertavam depois de algum tempo de coabitação. As crianças masculinas eram mortas e enviadas aos pais, e as meninas criadas nas coisas de guerra”... “Vestem finíssima lá de ovelhas do Peru e usam mantas apertadas, dos peitos para baixo, mantendo o busto descoberto”... “Trazem os cabelos soltos até o chão, e na cabeça coroas de ouro da largura de dois dedos”.
Reportando-se a essa passagem histórica, o folclorista, jornalista, escritor e professor Walcyr Monteiro, paraense nascido em 1940, esclarece que foi Francisco de Orellana, realmente, quem, em 1541, contou pela primeira vez que ao chegar ao Mar Dulce, nome pelo qual era conhecido o atual rio Amazonas, ele e seus tripulantes teriam sido atacados por uma tribo de mulheres descritas pelo Frei Gaspar de Carvajal da forma já mencionada. Segundo Walcyr, aquela batalha na foz do rio Nhamundá (atual limite entre o Pará e o Amazonas), foi terrível, pois se de um lado os espanhóis mostravam-se surpresos com a quantidade de guerreiras, coisa que jamais esperavam encontrar, de outro as mulheres combatiam ferozmente, comandando uma legião de índios. Vencidos, os espanhóis foram obrigados a fugir, mas conseguiram capturar um índio que lhes deu diversas informações sobre a tribo de mulheres.
Disse ele que havia cerca de setenta tribos semelhantes na região; que elas vi-viam sem a presença de homens e que dominavam as tribos vizinhas. O índio contou que no tempo de procriar as guerreiras traziam índios à força, das tribos dominadas, e estes, depois de engravidá-las, eram mandados embora. De pronto, os espanhóis as identificaram como sendo as amazonas e passaram a chamar o então mar Dulce de "rio de Las Amazonas". Outro detalhe interessante é que os índios, por desconhecerem da lenda das amazonas da Capadócia, chamavam as mulheres das tais tribos de Icamiabas, ou "mulheres sem marido", e diziam que elas presenteavam os homens após a cópula com pequenos artefatos semelhantes a sapos entalhados em algum mineral esverdeado. O presente, chamado muiraquitã, era dado durante um ritual dedicado à Lua, sendo pendurados no pescoço dos visitantes e usados por eles até os próximos encontros sexuais.
A tribo das mulheres sem marido nunca foi encontrada, mas o mesmo não se pode dizer a respeito dos muiraquitãs, porque os pequenos adornos têm sido encontrados com freqüência na região do Baixo Amazonas, justamente onde Francisco de Orellana diz ter travado uma batalha com as lendárias mulheres. É costume dizer-se na região que quem encontra uma pedra de muiraquitã terá sorte no amor e força contra as doenças. Até hoje, muitos artesãos confeccionam peças similares para vendê-las em feiras de artesanatos da região, mas as verdadeiras estão em guardadas em museus ou fazem parte de coleções particulares.
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